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Corrupção
09/09/2017 - 09:37h
Reação do Procurador Geral
REAÇÃO DO PROCURADOR GERAL
Janot pede prisão de Joesley, Ricardo Saud e de ex-procurador
Executivos teriam omitido informações em delação; decisão está com Edson Fachin
O procurador-geral, Rodrigo Janot, mandou ontem para o Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de prisão do dono da J&F, Joesley Batista, do executivo do grupo Ricardo Saud e do exprocurador Marcelo Miller. A decisão cabe ao ministro Edson Fachin, relator do caso na Corte. Os pedidos foram motivados pela gravação entregue à Polícia Federal, divulgada na segunda-feira, em que Joesley e Saud falam sobre suposta interferência de Miller nas tratativas da delação premiada feita pelos executivos. O exprocurador ainda era integrante do Ministério Público quando começou a conversar com os delatores e só foi exonerado meses depois. A avaliação é de que Miller pode ter usado informações privilegiadas e incorrido no crime de obstrução da Justiça. Contra Joesley e Saud pesa a suspeita de que teriam escolhido as provas que levariam ao conhecimento do Ministério Público. A J&F disse que não havia sido informada sobre o pedido de prisão dos executivos. Miller nega a prática de crimes.
Os pedidos foram motivados pelo conteúdo de uma gravação entregue pela própria defesa do Grupo J&F, na qual Saud e Joesley falam sobre a suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada. O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, no fim de fevereiro. Ele pediu a saída da instituição em fevereiro e foi exonerado, de fato, apenas em abril.
Na segunda-feira, Janot abriu um procedimento de revisão do acordo de delação dos executivos. Ele pediu a revogação do benefício de imunidade penal concedido aos delatores. Segundo interlocutores, Janot ficou irritado com a gravação que demonstrou que Joesley e Saud omitiram informações ao fazer acordo com as autoridades.
A prisão preventiva dos envolvidos já vinha sendo analisada por Janot nos últimos dias. Anteontem, os executivos prestaram esclarecimentos à PGR, em Brasília, mas não convenceram. Eles afirmaram que o ex-procurador Miller informou que já havia pedido exoneração do Ministério Público quando os procurou. Também tentaram minimizar o conteúdo da gravação, qualificando-a como “uma conversa de bêbados”.
Informações. Ontem foi o dia de Miller prestar depoimento. Ele chegou no meio da tarde à sede do MPF no Rio e não havia deixado o prédio até o fim da noite. A avaliação na instituição é de que os fatos narrados foram graves e indicam a prática de crimes.
No caso de Miller, há auxiliares de Janot que avaliam que ele atuou na J&F com uso de informações privilegiadas que possuía por ter integrado a equipe da Lava Jato. Com isso, pode ter incorrido nos crimes de obstrução da Justiça e exploração de prestígio. Miller integrou o grupo de trabalho que auxilia Janot nos trabalhos da Lava Jato perante o STF.
Já no caso dos delatores da J&F, a avaliação na Procuradoria é de que, pelo áudio, fica claro que os executivos tentaram omitir informações e escolher as provas que levariam ao conhecimento do Ministério Público.
Por meio de sua assessoria, o Grupo J&F informou que desconhece qualquer informação sobre o pedido de prisão de Joesley e Saud. Já o ex-procurador Marcello Miller afirmou que não cometeu qualquer crime ou ato de improbidade administrativa e que está disposição das autoridades.
· Matéria: O Estado de S. Paulo.- 9 Sep 2017 - Beatriz Bulla /
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